Prāṇa – Sua origem, função e mau funcionamento

São encontrados registros dos fenômenos das energias corporais e seu campo de energia emanante dentro da maioria das tradições asiáticas. Tanto o pensamento chinês quanto o indiano possuem uma rica história textual sobre bioenergia, sua função e os efeitos de seu mau funcionamento.

Em cada uma dessas tradições, um sistema de medicina se desenvolveu com o objetivo de aprimorar e sustentar o fluxo de Ch’i ou Prāṇa dentro do indivíduo, e o Ocidente vem mostrando muito interesse em relação à medicina tradicional chinesa e indiana.

O artigo anterior estabeleceu conexões entre a mente, a respiração e o Prāṇa, mas apresentou o problema de que tanto os textos de Yoga quanto de Āyurveda pressupõem o conhecimento do que é Prāṇa, como ele funciona dentro do indivíduo, e qual é o papel do Yoga e do Āyurveda em relação à sustentação da intensidade do Prāṇa na saúde, harmonia e estabilidade mental do indivíduo.

1. Então, o que é Prāṇa?

A palavra Prāṇa é uma palavra em Sânscrito que significa “aquilo que está presente em todos os lugares”. Basicamente, Prāṇa é o sustentador do macrocosmo e do microcosmo. Sem Prāṇa, o universo deixa de ter vitalidade para existir e deixamos de estar vivos como indivíduos.

É mais comumente traduzido como o sopro de vida ou força vital. Prāṇa é essa energia que sustenta a vida dentro do universo. Dentro do indivíduo, Prāṇa pode ser visto como a força da vida ou vitalidade.

No Yoga e no Āyurveda, Prāṇa é visto como essa energia que dá vida. Assim, Prāṇa é a bioenergia (do grego bios – vida e energeia – atividade).

Por isso, dentro da prática do Yoga, Prāṇāyāma (Prāṇa – atividade vital + Āyāma – estender ou restringir, de acordo com o contexto de estender o fluxo ou restringir o campo) é visto como uma das principais técnicas. Sem esse meio de influenciar e sustentar nossa vitalidade, nossos esforços de mudança psicológica ou fisiológica poderiam ser limitados.

2. Qual é a Origem do Prāṇa?

Existem diferentes escolas de pensamento sobre a origem e natureza do Prāṇa. Alguns o veem como um produto do mundo material, enquanto outros o veem como um produto do mundo espiritual. Alguns dizem que ele permeia todas as coisas, enquanto outros afirmam que ele é algo diferente disso.

A visão do Vedanta e do hinduísmo é a de que Deus criou Puruṣa e Prakṛti. A partir dessa associação surge o Prāṇa. Nos Upaniṣads, que fazem parte do cânon hindu, há a ideia de que Deus e o Prāṇa estão em todos os lugares.

Segundo o Yoga e o Sāṃkhya, temos a ideia de Prakṛti como o campo e Puruṣa como a semente. Quando há um movimento que une os dois, ou quando há uma associação entre eles, então surge o Prāṇa. É como uma faísca que surge do contato do Espírito e da Matéria. Sem a associação dos dois, o Prāṇa não existe.

Outra forma de expressar essa relação, é ver Puruṣa como o aspecto masculino da criação (a semente) e Prakṛti como o aspecto feminino (o campo). Há um encontro dos dois, uma espécie de grande explosão cósmica, e o filho dessa união é o Prāṇa. Assim, o Prāṇa é uma espécie de força resultante da junção ou união de Puruṣa e Prakṛti.

Portanto, é muito difícil determinar se o Prāṇa é um produto do Observador ou do Observado; ou, do espírito ou da matéria. Consequentemente, ele é considerado mais sutil do que Prakṛti, ou sua manifestação como os cinco elementos; mas menos sutil do que Puruṣa, ou o espírito que se manifesta como consciência.

A partir disso, pode-se deduzir que a fonte do Prāṇa é Puruṣa e sua expressão é Prakṛti. O Prāṇa não vem de Prakṛti, é a associação de Puruṣa e Prakṛti que permite a manifestação do Prāṇa. É a expressão de Puruṣa como uma forma sutil devido ao seu contato com Prakṛti.

A forma como o Prāṇa se manifesta é devido a Prakṛti, mas não vem de Prakṛti. É o que acontece nos reinos de Prakṛti que influencia essa expressão de Puruṣa por meio do Prāṇa.

Em resumo, o Prāṇa é o amigo de Puruṣa.

3. Como o Prāṇa funciona no Indivíduo

A presença do Prāṇa é idêntica em todas as pessoas.

Para citar TKV Desikachar no livro “Religiosidade no Yoga”, capítulo 10:

“O Prāṇa é simplesmente a expressão de Purusa

em todas as partes do corpo e além.

Esse Prāṇa tem uma relação íntima com a mente

porque o Purusa vê apenas através da mente.

Assim, Prāṇa, respiração e mente estão inter-relacionados.”

A perspectiva do Yoga e do Āyurveda é muito voltada para a ideia de Prāṇa em relação ao indivíduo. Embora Prāṇa esteja presente em todas as pessoas, ele possui características ou atributos diferentes que influenciam nossos sentimentos, pensamentos e modos de ação.

Prāṇa é considerado algo muito sutil e diferente do ar. Por exemplo, no Yoga Yājñavalkya, é dito que Prāṇa é aquilo que nos ajuda a respirar.

No indivíduo, diz-se que Prāṇa aparece no momento da concepção, quando a semente masculina e o campo feminino se unem. Essa força chamada Prāṇa se manifesta no indivíduo como um campo de bioenergia. O Yoga Yājñavalkya nos diz que Prāṇa se estende além do corpo e até fornece formas de medí-lo de acordo com a altura da pessoa.

Aqui, a definição da perfeição em Prāṇāyāma é quando Prāṇa é concentrado dos limites além do corpo para dentro do corpo. Pode-se dizer que Prāṇa está num estado ideal quando é igual ou menor que o tamanho do corpo físico.

O conceito de Prāṇa em relação ao indivíduo pode ser ilustrado de forma simples ao visualizarmos três imagens:

Primeiramente, a de uma roda de bicicleta e o pneu ao seu redor.

Isso ilustra a extensão do Prāṇa cerca de 10 cm para além do corpo humano. É dito que esse é o estado do Prāṇa em um indivíduo com processos energéticos e saúde regulares.

Em segundo lugar, ao visualizar um ovo frito.

Aqui, temos a noção de Prāṇa sendo disperso e associado a má saúde, fadiga mental ou fragilidade energética.

É um estado que podemos reconhecer quando nos recuperamos, digamos, de uma gripe, e todas as nossas faculdades e processos estão enfraquecidos porque Prāṇa está em um estado disperso. Conforme nossa saúde melhora, a dispersão de Prāṇa diminui do estado de estar bem além do corpo para seu estado mais usual, cerca de 10cm do corpo.

A imagem do ovo frito também pode ser aplicada a situações de estresse excessivo ou, na verdade, mais provavelmente de sobrecarga, onde nosso campo de Prāṇa está disperso e nos movemos como uma versão energética do “Boneco da Michelin”, sentindo uma falta de espaço à medida que nosso campo se distende e, assim, nossa capacidade habitual de lidar com o estresse enfraquece.

Imagine um casal em estado semelhante. De repente, o ambiente não consegue lidar com esse estado energético distendido, e começamos a nos chocar um no outro, no sentido energético, quase que literalmente. A reclamação resultante, geralmente é da necessidade de um espaço próprio. Nesse espaço, ficamos um tempo, e o ovo frito se transforma na roda de bicicleta e esperamos estar mais aptos a ficar perto do outro com mais conforto novamente.

Este exemplo ilustra que essa dispersão ou distensão pode ser uma reação de curto prazo a algo ou uma acumulação de longo prazo que pode se manifestar através ou resultar em doenças mentais ou físicas.

Também podemos especular sobre o que parecem ser manifestações recentes do processo de doença em problemas autoimunes como síndrome da fadiga crônica ou fibromialgia, como extremos do modelo do ovo frito.

Ou mesmo especular sobre a ideia de que o pneu da bicicleta tenha se distendido tanto que tenha estourado e tenhamos um furo em nosso Prāṇa.

Finalmente, se pudermos imaginar uma roda de carroça com sua borda de aço.

Aqui temos uma situação em que o Prāṇa está dentro da borda da roda. Ou, em termos de Yoga, o Prāṇa está contido ou concentrado dentro do corpo.

A ferramenta principal para facilitar esse processo de passar da roda de bicicleta para a roda de carroça é trabalhar com a respiração no Prāṇāyāma.

A ferramenta principal para facilitar o processo de passar do ovo frito para a roda de bicicleta é trabalhar com a respiração em Āsana.

No Prāṇāyāma, usamos a respiração para influenciar a mente, para então influenciar a intensidade da bioenergia. O artigo anterior deu exemplos dos textos do link. Influenciar a respiração influencia a mente. Qualquer processo que influencia a mente influencia o fluxo de Prāṇa.

4. Como o Prāṇa flui dentro do corpo através dos Nāḍīs

A respiração juntamente com o Prāṇa parece irradiar do centro do nosso corpo e além.

Diz-se que o Prāṇa se movimenta no corpo através dos Nāḍīs ou canais. Os Nāḍīs podem ser comparados aos meridianos na Acupuntura Chinesa. É através desses Nāḍīs que o campo do Prāṇa se dispersa ou se distende de dentro para além do corpo. É através dos Nāḍīs que é possível provocar uma mudança na intensidade do Prāṇa.

Um entendimento mais aprofundado do papel e função dos Nāḍīs vem do estudo da teoria do Haṭha Yoga e, como tal, não é o foco desses artigos em particular.

No Āyurveda, a arte de ler a saúde de uma pessoa através do pulso é chamada de Nāḍī Parikṣa, e a palavra é um sinônimo de pulso. A intensidade e o padrão de movimento do Prāṇa, e por meio dele a leitura dos Tri Doṣa ou Três Princípios, podem ser sentidos pelo pulso.

5. A raiz do Nāḍī e o lugar da Kuṇḍalinī

Os Nāḍīs parecem se originar como se fossem fibras a partir do centro do nosso corpo; esse centro é chamado de Kaṇḍa, que significa tronco. Vários textos de Haṭha Yoga descrevem sua posição e forma. Existe uma postura, muito difícil para os corpos ocidentais, chamada Kaṇḍāsana, onde as solas dos pés são colocadas contra o abdômen ou o local do Kaṇḍa.

É na raiz Kaṇḍa que reside a simbólica Kuṇḍalinī, bloqueando a entrada do principal Nāḍī no corpo, a Kuṇḍalinī envolve o Kaṇḍa alimentando-se de nossas ações, especialmente aquelas decorrentes de compreensão equivocada ou Avidyā.

Através do Yoga, é possível fazer algo em relação à Kuṇḍalinī para que ela não mais bloqueie o fluxo de Prāṇa no principal Nāḍī chamado Suṣumṇā.

O terceiro capítulo do Haṭha Yoga Pradīpikā detalha a Kuṇḍalinī e como ela bloqueia o Suṣumṇā. O Prāṇāyāma ajuda a reduzir os obstáculos que bloqueiam o fluxo de Prāṇa para todas as partes do corpo, daí o uso de técnicas respiratórias como Nāḍī Śodhana ou purificação dos canais.

A Kuṇḍalinī bloqueia a entrada do Prāṇa no Suṣumṇā. Quando a Kuṇḍalinī é movida, o Prāṇa naturalmente flui para o Suṣumṇā.

Tena Kuṇḍalinī Tasyāḥ Suṣumṇāyā Mukhaṃ Dhruvam |

Jahāti Tasmāt Prāṇo’Yaṃ Suṣumṇāṃ Vrajati Svataḥ ||

“Através disso (dessas práticas anteriores),

a Kuṇḍalinī deixa a entrada do Suṣumṇā imediatamente,

e consequentemente o Prāṇa entra no Suṣumṇā por si só.”

Haṭha Yoga Pradīpikā – Capítulo III, Verso 111

O Suṣumṇā é como um condutor pelo qual a energia flui. Essa energia é a mesma energia que está sempre presente, ou seja, o Prāṇa.

Um entendimento mais aprofundado do papel e função do Suṣumṇā e da Kuṇḍalinī vem do estudo da teoria do Haṭha Yoga e, como tal, não é o foco desses artigos em particular.

Para resumir, tanto o Yoga Yājñavalkya quanto o Haṭha Yoga Pradīpikā definem o yogi como “aquele cujo Prāṇa está dentro do corpo”. Se o Prāṇa não estiver dentro do corpo e capaz de fluir livremente por toda parte, então não se é um yogi.

É interessante notar aqui que, de acordo com essa definição, um yogi não terá um campo de energia visível, mas possivelmente exibirá uma intensidade proveniente da concentração do campo de Prāṇa.

6. Prāṇa e o Processo de Doença

É esse fluxo livre de Prāṇa que é fundamental para a saúde ou bem-estar do indivíduo. A tradição nos diz que uma pessoa instável ou confusa tem mais Prāṇa além do corpo do que dentro dele.

A quantidade de Prāṇa para fora do corpo é maior quando não estamos à vontade ou estamos em desconforto, e, portanto, a concentração de Prāṇa dentro do corpo diminui em qualidade.

A quantidade ou extensão de Prāṇa fora do corpo quando estamos calmos é menor. Quando o Prāṇa tem dificuldade em entrar em nosso corpo, é porque algo que não deveria estar lá ocupa o espaço. O Yoga Sūtra chama aquilo que bloqueia o nosso bem-estar de Kleśa, ou aquilo que nos aflige. Suas origens surgem de um estado sutil de ilusão conhecido como Avidyā. Também é conhecido no Haṭha Yoga como Mala, poeira ou sujeira (física e mental).

Portanto, quanto mais uma pessoa está em um estado de tranquilidade, mais o Prāṇa está dentro do corpo; quanto mais uma pessoa está em um estado de desconforto ou perturbação, mais o Prāṇa se dispersa. Existem momentos em que todos nós sentimos nossa energia dispersa devido a situações internas ou externas. É por isso que T. Krishnamacharya, em seu livro Yoga Rahasya, nos diz:

“Onde há problemas no corpo, use Āsana;

onde há problemas na mente, use Prāṇāyāma”.

É por isso que o Yoga observa o Prāṇa no nível de Āsana e Prāṇāyāma, a fim de influenciar o fluxo de Prāṇa no corpo. Podemos usar Āsana para explorar a respiração e usar Prāṇāyāma para vivenciar a respiração.

Então, quais são os fatores que perturbam ou dispersam a intensidade do fluxo de Prāṇa no indivíduo? Em nossa vida, nossas ações frequentemente perturbam a mente e aumentam a medida de Prāṇa fora do corpo. Em uma criança, o Prāṇa tende a estar tão concentrado em seu campo de energia quanto para o yogi.

Em uma pessoa com mal-estar ou enfermidade, o campo de energia é enfraquecido ou disperso. Isso já foi descrito com os exemplos do pneu de bicicleta e do ovo frito, ou o exemplo do ‘Boneco da Michelin’.

A maneira como o Prāṇa fica difuso ou é interrompido em seu fluxo se deve a mudanças no fluxo de Prakṛti. É o que acontece no reino de Prakṛti que influencia o Prāṇa. A criança tem um bom campo bioenergético; no entanto, à medida que cresce, o Prāṇa se difunde e se torna menos concentrado. Isso ocorre devido à formação de Saṃskāras ou tendências não benéficas. Os Saṃskāras nos condicionam a certos modos de ser e podem causar bloqueios ou padrões de retenção em nível mental, emocional ou físico, interferindo assim em um fluxo equilibrado de bioenergia.

Saṃskāra pode estar presente desde o nascimento, proveniente da história genética conhecida como Vāsana, ou formada a partir de padrões familiares, sociais e ambientais. Sempre há influências positivas e negativas, e essas influências trazem certos padrões que nos afetarão mais tarde na vida. Esses padrões são então agravados por nossas próprias ações em relação à alimentação, relacionamentos sociais, atividade sexual, trabalho, relacionamentos familiares, atividades sociais, etc.

Se houver problemas nessas áreas, isso se refletirá em nossa bioenergia, possivelmente causando bloqueios, padrões de retenção, fluxo excessivo em uma ou mais áreas, ou déficit em uma ou mais áreas. São essas perturbações no Prāṇa que estabelecem as bases para doenças ou distúrbios mais tarde na vida.

Por isso, tanto o Āyurveda quanto o Yoga afirmam que a doença, quando presente no nível do corpo, também está presente no nível da mente. Isso significa que o corpo é apenas parte do problema, devemos fazer algo em um nível mais profundo. Podemos remover um problema fisicamente, mas o desconforto ainda está presente no nível da mente.

De acordo com Patañjali em seu Yoga Sūtra, um desconforto que não está potencialmente ativo na mente também não está no corpo. Portanto, o objetivo do Yoga é reduzir o potencial de doença no nível mental, bem como no nível do corpo. Além disso, Patañjali nos diz que não apenas a doença está na mente, mas também o poder de trabalhar com nossa relação com como ela se manifesta está na mente.

A mente pode transformar o impacto da doença. Portanto, a ideia não é matar a mente doente, mas transformá-la.

Por isso, o Yoga Sūtra é um estudo das faculdades da mente e seu potencial ou poder para influenciar o resultado e os efeitos de nossas ações. Portanto, Āsana, Prāṇāyāma, Mudrā, Dhyānam e outras ferramentas são os meios pelos quais a mente se torna uma aliada poderosa. Poder é quando a mente está livre dos efeitos, embora não necessariamente da presença da doença.

À medida que amadurecemos, encontramos outras dificuldades que afetam nossa bioenergia. Por exemplo, nos envolvemos em distrações mundanas, com a mente propensa a se dispersar. Adotamos padrões de vida pouco saudáveis em relação à alimentação e ao sono. Usamos drogas sociais e medicamentosas. Acumulamos tensões devido à pressão excessiva no trabalho ou compromissos familiares.

O corpo não é tão eficiente em se sustentar ou se autorreparar como era quando era mais jovem. Através disso, o Prāṇa se difunde e se torna menos concentrado. Por isso, durante a fase adulta, deve-se dar ênfase especial em manter e aperfeiçoar nossa prática de Prāṇāyāma para ajudar a equilibrar os efeitos dos padrões de vida em que estamos envolvidos. Podemos minimizar os efeitos dessa difusão por meio da prática diária de Prāṇāyāma.

O Yoga Sūtra nos diz no Capítulo II, Sūtra 52, que à medida que praticamos Prāṇāyāma, cada vez mais a cobertura mental ao redor da consciência é reduzida, e então há clareza ou um estado de consciência que naturalmente surge. É como comparar a redução das nuvens que encobrem o sol. Reduza as nuvens e o sol emerge.

Com essa consciência vem o entendimento desses fatores que exacerbam os efeitos negativos, e a partir desse ponto pode-se desenvolver um senso de antecipação para lidar com os problemas que afetam adversamente nossa vitalidade.

Essa é a premissa de Patañjali no Capítulo Dois, verso 16:

Heyaṃ Duhkhaṃ Anāgatam ||

“Experiências que restringem o coração

provavelmente ocorrerão

e devem ser antecipadas sempre que possível.”

7. Resumo

Este artigo teve a intenção de apresentar o Prāṇa, sua origem, função e disfunção. No entanto, o Prāṇa é uma parte tão importante do Yoga e do Āyurveda que este artigo se concentrou em apresentar algumas ideias básicas sobre sua relação com o indivíduo, com a prática do Yoga e com a compreensão da vida conhecida como Āyurveda.

Além disso, o Prāṇāyāma é visto como o meio mais elevado para reduzir bloqueios nos processos físicos e mentais. Isso significa que o Prāṇāyāma trabalha tanto no nível mental dos três Guṇa quanto no nível fisiológico/energético dos três Doṣa. Os três princípios do Ar, Fogo e Água seguem a direção do Prāṇa.

Por isso, o Yoga é a extensão do Āyurveda além do corpo. Mas o trabalho com o Prāṇāyāma deve ser acompanhado de uma investigação sobre alimentação e outras influências. Seus efeitos podem ser observados pela leitura do pulso ou Nāḍī, e o pulso é uma ferramenta importante para o diagnóstico do profissional de Āyurveda.

A qualidade do Prāṇa afeta nosso bem-estar. Os fatores que afetam o Prāṇa incluem alimentação, atitude e ambiente. Essas são áreas de investigação tanto para o Yoga quanto para o Āyurveda em busca de uma vida mais harmoniosa.

O Prāṇa é a fonte de vitalidade e ação. Uma mudança na qualidade da ação por meio da alimentação, exercícios, atitude, ambiente, etc. significa uma mudança na qualidade da mente. Por exemplo, em relação à alimentação, pode ser útil refletir sobre o potencial dos alimentos não saudáveis em difundir o Prāṇa, enquanto alimentos naturais mais simples podem apoiar uma intensificação natural do Prāṇa.

Assim, a qualidade dos alimentos também ajuda a determinar a qualidade do Prāṇa e, portanto, afeta a harmonia relativa, ou o caos, dos processos energéticos e mentais do corpo e da mente.

Texto original em inglês de meu professor Paul Harvey disponível em https://yogastudies.org/2017/04/prana-origin-function-and-malfunction/

Vastas emoções e pensamentos imperfeitos

A Presença e as Ações de Prāṇa Śakti

De maneira geral, o objetivo do Yoga é provocar uma mudança na consciência e, consequentemente, no impacto sobre a atitude e as funções do indivíduo. Essa transformação pode ser vista como a união de dois opostos, como Prāṇa e Apāna, ou a separação de dois aspectos aparentemente inseparáveis, como Puruṣa e Prakṛti. Em ambos os casos, um tempo e um processo estão envolvidos. Essa mudança pode começar no corpo físico, nos processos energéticos, na atitude mental ou nas respostas emocionais.

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